Desde 2015 que o Seixal instituiu a data de 26 de abril como Dia Municipal da Comunidade Migrante. Um modo de valorizar e integrar as comunidades de países terceiros no concelho. Este ano a autarquia assinalou a data com a realização do colóquio Impacto dos Movimentos Migratórios na Sociedade Portuguesa, no sentido de refletir sobre políticas sociais adequadas a esta faixa de população.
A estreita parceria da autarquia com o associativismo local e o Alto-Comissariado para as Migrações, no sentido de promover políticas sociais de apoio a comunidades migrantes representa parte do motor que leva ao crescimento populacional e económico do concelho, através de uma boa recetividade à integração da comunidade migrante.
Neste contexto o geógrafo Jorge Malheiros considera o Seixal um excelente exemplo de integração de comunidades de países terceiros, devido a medidas como o Pacto Territorial, Fórum Cidadania ou projeto Mentores para Migrantes, dedicado à comunidade do concelho.
Na perspetiva deste investigador do Centro de Estudos Geográfico da Universidade de Lisboa “é a nível local que a integração deve ser fomentada. No apoio à resolução dos problemas quotidianos destas comunidades, no trabalho, ambiente escolar e na relação com os outros”.
Jorge Malheiros refere ainda a atual consciência, que emerge nas zonas periféricas, como o Seixal, “no sentido de combater o racismo e xenofobia, nomeadamente dentro da segunda geração, que corresponde a descendentes de migrantes”, também é determinante para uma sociedade interligada.
Identidade e o papel do associativismo nas políticas de integração João Sardinha, professor e investigador do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT), na área do associativismo migrante, considera que “existe uma emergente identidade das comunidades imigrantes, acompanhada por um associativismo muito ativo. Do qual o concelho do Seixal é bastante representativo, nos movimentos que lutam por políticas de integração, melhores condições de residência e mais cidadania”.
Neste contexto, a população migrante fomenta o seu sentimento de pertença a um lugar onde, para além de conviver com a cultura do país de residência, pode continuar a afirmar a sua identidade cultural, como modo de participar na sociedade, através da partilha de conhecimento.
Portugal já não é primeira escolha “Atualmente, no concelho do Seixal a comunidade migrante representa 4% da população. Um número que corresponde a cerca de 6 500 habitantes, com residência fixa e legal. Em 2008, este valor era de 7%. Um decréscimo significativo, apontado pela professora Lucinda Fonseca, investigadora do IGOT, como “consequência da crise económica e social que o país enfrenta desde 2011 e da imagem que este contexto contexto refletiu sobre Portugal, a nível europeu e mundial”.
A falta de oportunidades nos mercados profissionais conduziu os fluxos de migrantes para outros destinos e levou muitos a regressar aos seus países de origem. Em especial a população oriunda do leste da Europa, cujos países estão agora em franca expansão económica.
No geral, os municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML), sofreram um decréscimo da população migrante, inclusive os da margem sul. Mas, Lucinda Fonseca refere que, “a AML continua a ter uma forte caraterística de diversidade cultural com a convivência de 173 nacionalidades diferentes”.
O Seixalense/ZoomOnline