Fazer cinema em Portugal ainda é uma aventura. Na nossa cidade há um espaço multiusos e intimista que une tertúlias literárias, actividades cinematográficas, música e até mesmo gastronomia. 50 Cuts Associação Cinematográfica, um projecto com o objectivo de divulgar e fazer crescer a produção de cinema na nossa cidade e no nosso país.
“A associação 50 Cuts surgiu há dois anos. Queria dar vida aos meus projectos e, tendo em conta que o cinema é uma área na qual é difícil conseguir ganhar dinheiro, preferi dedicar-me a algo meu”, explica Diana Lima, uma das sócias-fundadoras da associação, formada em Cinema pela Universidade Lusófona. “Em fevereiro, encontrámos este espaço, apaixonei-me e desde então estamos aqui”, acrescenta.
A 50 Cuts vai além da Rua Pereira Cão. Criada em Julho de 2015, é uma associação sem fins lucrativos que tem como principal objectivo criar e promover na nossa cidade iniciativas culturais e projectos artísticos inseridos na área do cinema e do audiovisual, nas artes plásticas, na fotografia e na música. Tendo como fundadores um grupo de 13 jovens, em conjunto com as suas famílias, que trabalham nesta aventura de fazer cinema com orçamentos reduzidos, a associação conta agora com cerca de 30 sócios e parcerias com a distribuidora Legendmain, a Cinedita de Arganil, a gráfica “Coisas que falam” e ainda um protocolo com o Set’Curtas, projecto da Câmara Municipal de Setúbal.
“O nosso objectivo é mostrar filmes que não passam nos cinemas e também nos interessa muito a formação. Por isso, temos produzido workshops de caracterização e realização cinematográfica, tentando trazer nomes reconhecidos do cinema a Setúbal”, comenta a jovem, salientando que existe uma aposta em novos talentos e que “tem sido o boca a boca que tem trazido mais gente cá”.
“A curta com que ganhámos o prémio do MOTELX foi filmada entre o meio dia e a meia noite, com a ajuda de todos. Tem de haver uma união para que tudo seja possível”, conta Olinda Lima, artista plástica, mãe de Diana e também fundadora da associação, recordando experiências e trabalhos nos quais acompanhou a filha enquanto produtora e a boa relação com os vizinhos da rua onde a associação está inserida.
A associação aposta também nas tertúlias literárias, como forma de comemorar datas específicas, que traz muitas pessoas ao espaço, não esquecendo também o cinema de terror, que se faz pouco em Portugal, área na qual já realizou dois filmes: “Red Queen” e “A Fêmea”, que ganhou o 1º lugar no Concurso Yorn MicroCurtas, promovido pelo MOTELX em 2016. A caminho está um novo filme para ser gravado em Julho.
A aventura de fazer cinema em Portugal “Se me pagassem para ver filmes era o melhor do mundo, e para fazê-lo também. Fazer filmes em Portugal é uma aventura. Aqui temos sempre outra linha por trás da história, e cinema de terror sai fora daquilo que normalmente é apoiado”, constata a jovem. “Há imensa receptividade e há público para isso. É possível fazer-se com pouco dinheiro, é preciso é ter vontade e contactos na área. Em cinema, se não houver contactos é difícil e o meu objectivo é ter uma equipa com quem trabalhe sempre”, remata.
Próximos eventos O Set’Curtas em parceria com a 50 Cuts promovem as “Conversas com realizadores”, nas quais já receberam António Aleixo, Pedro Augusto Almeida, Joana Maria Sousa e receberão Laura Seixas, no dia 2, pelas 16h00.
A 15 de julho, a 50 Cuts estará presente no evento “Curtas e Caipirinhas”, no Pátio do Dimas da Casa da Cultura, com realizadores que trarão as suas obras. No final do mês de julho, a 28 e 29, decorre o evento “Europa em Curtas”, também em parceria com a Set’Curtas. A 31 de julho, o filme “Canção do Mar” regressa às instalações da 50 Cuts.
Aberta todos os dias, a associação divide os seus horários entre segunda, quarta e sexta, das 11h00 às 13h30, e terças e quintas das 15h00 às 18h30. Aos sábados e domingos, as portas abrem 30 minutos antes do evento.
O Setubalense/ZoomOnline